Self Produced/5 Faixas/01:03:36
Por Heder Osny
ESSA foi uma audição difícil. Isso é o mínimo que posso dizer.
O A Forest of Stars aqui conseguiu alcançar uma sonoridade absurdamente complexa e fazer isso SEM o uso de habilidades mirabolantes em escalas e coisas do tipo. Rotulado como “psychedelic black metal”, o som da banda é na verdade um black/doom metal completamente perturbador. E é perturbador justamente por sua tranquilidade aparente.
Diferente de outras bandas no estilo, como Bethlehem ou Forgotten Tomb(que também são perturbadoras por si próprias, é claro), os rompantes de guitarras agudas e vocais gritados são raros aqui. Eles adotam uma abordagem mais semelhante à usada pelo Thergothon, por exemplo, inclusive fazendo músicas incrivelmente longas (a mais curta tem nove minutos e quarenta segundos) e lentas, nas quais só é possível perceber o desespero ao dar atenção às sutilezas.
A música da banda é como um quadro: ela apresenta todo um ambiente, e cabe ao ouvinte perceber cada nuance do todo. Creio que o exemplo perfeito seja a última faixa, “Microcosm”. É simplesmente uma viagem por dentro de uma casa onde não está mais alguém que deveria estar lá.
Percebe-se claramente o desdobramento da música em seções, cada uma como um aposento da casa, com direito a até mesmo uma varanda (ou jardim, depende do ponto de “vista”), e enquanto o ouvinte perambula pela casa que agora tornou-se um túmulo, ocasionalmente a banda dá seus raros ataques de raiva.
Fica inevitável associá-los à pessoa dentro da casa gritando sua raiva de negação frustrada. Perturbador. Esse NÃO é um álbum para ouvir no MP3 no ônibus, nem para colocar de fundo na sua “festinha black metal”. É um álbum denso, introspectivo, e deve ser ouvido a sós.
NESSAS condições, eu digo sem medo de errar: excelente álbum.