30 de março de 2009

Hollenthon – Opus Magnus

Napalm Records/8 Faixas/50:44



Por Heder Osny

Superar a si mesmo. Com essa proposta, aparentemente simples, mas que em seu íntimo encerra questões de magnitude titânica, é possível, na verdade resumir o grande desafio de estar vivo.

O Hollenthon, aqui, é um excelente exemplo. Vejamos o caso deles: durante um período de inatividade da banda austríaca de death/grind Pungent Stench, o frontman Martin Schirenac criou o Hollenthon, um projeto voltado ao metal extremo sinfônico misturado a discretas influências eletrônicas (realmente mais influências do que realização efetiva dessas influências).

O disco de estréia resultante, Domus Mundi, provou-se surpreendentemente bom, e seu sucessor, With Vilest of Worms to Dwell seguiu os seus passos (em uma nota particular: Ao lado de Theli, do Therion, With Vilest of Worms to Dwell tornou-se o meu padrão de referência para metal sinfônico).

O tempo passou, o Pungent Stench voltou à ativa, e o Hollenthon foi temporariamente colocado em segundo plano. Particularmente, cheguei a pensar que com a volta do Pungent Stench o Hollenthon seria aposentado definitivamente. Mas eis que em 2008 a banda ainda está bem ativa e lança este Opus Magnus. E aqui, não contente em “apenas” ser um dos mais eficientes (embora não um dos mais reconhecidos) nomes do metal sinfônico mundial, a banda decidiu reinventar-se.

Em Opus Magnus não estão presentes as passagens de orquestração monumental que davam o tom de With Vilest Worms to Dwell, nem as discretas intervenções industriais de Domus Mundi. O que permanece do “velho” Hollenthon é o vocal gutural áspero de Martin aliado a uma afiada guitarra genuinamente death metal. Some a isso um senso de melodia e harmonização impecável, e um nível de criatividade que permite a banda saiba quando e como usar andamentos inusitados (como a intervenção de... SAMBA na parte final de “Of Splendorous Worlds”) sem soar artificial, apelativa, ou algum outro adjetivo desfavorável, e claro, a maestria na composição dos corais, que são por si só responsáveis por tornar “On the Wing of a Dove” uma peça no mínimo memorável.
O veredito final? Uma pessoa familiarizada com os lançamentos anteriores demorará para acostumar-se com a sonoridade.
Mas é sempre bom ver uma banda que não apenas tem coragem de encarar o desafio da auto-superação, como obtém ótimos resultados com isso.

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